segunda-feira, 6 de março de 2017

Era uma vez...

Como toda história e contos de fada, tudo começa com um "Era uma vez" e a história da nossa filha não poderia ser diferente. 
Desde sempre tinha o desejo de ser mãe, apesar de não ter crescido brincando de bonecas, na verdade o desejo começou quando eu tive de ficar cuidando das minhas primas menores na casa da minha avó. 
Quando mudei para Belo Horizonte, aconteceram situações que me desestruturaram emocionalmente por completo e a partir desses acontecimentos eu adoeci mentalmente e fisiologicamente. 
Em 2010 depois de uma crise de cólica absurda e uma internação no hospital, recebi a notícia. Não poderia ser mãe devido a duas doenças que combinadas me deixaram infértil. Não apenas infértil, mas elevou meu nível de gordura a uma obesidade mórbida. 
Recorri então em 2011 ao Ballet, já tinha sido bailarina, amo dançar, sabia que isso poderia me curar, de fato, curou, meu psicológico, minha alma, a depressão foi embora aos poucos, voltei a sorrir, voltei a ter esperanças, mas o peso ele continuava lá a me assombrar.
Um ano após voltar ao ballet mudei um pouco de rumo e fui estudar pra ser Enfermeira Veterinária, sentia que precisava ser útil também e como fui. Cuidei de anjos que também cuidaram de mim. E aos poucos minha alma se restabelecia, se fortalecia. Paralelo a tudo isso eu ia a várias consultas a Endocrinologistas e Ginecologistas, mas as respostas sempre eram as mesmas "A benção da Maternidade não é pra você Suzan" 
Até que conheci um endócrino em especial, Rubens, ele plantou a semente, disse que eu poderia se sim mãe, mas deveria tratar a obesidade primeiro, me indicou a Cirurgia Bariátrica... Óbvio que eu falei não! Que Absurdo! Como eu, uma bailarina, não teria capacidade de emagrecer sozinha? E foi assim nessa rebeldia por dois longos anos, de reeducação alimentar que não surtia efeito, de Caixas e mais caixas de remédios e ansiolíticos, que não me levavam a nenhum resultado satisfatório, até que enfim eu percebi que não havia como, por mais que eu me exercitasse, me alimentasse adequadamente e seguisse a bula, não voltaria ao normal.
Enfim abri a guarda e comecei o pré operatório para a terrível Cirurgia Bariátrica. E mal eu sabia que a luta nem seria para sobreviver a ela... Romper preconceitos sobre esse procedimentos, sobre obesidade, foram mais cansativos que de fato percorrer os caminhos para o Bypass. Não importava quantas vezes eu dissesse que o objetivo da cirurgia não era emagrecer e sim me tornar mãe. não importava quantas vezes eu falasse o quão perigosa e invasiva essa cirurgia era, as pessoas sempre focavam em estética.
Em 2014 eu decidi dar vários passos na minha vida. Casei com o Victor ( já morávamos juntos) e decidi então obter uma faculdade. Queria ser Médica Veterinária, mas eu percebi que não tinha psicológico para perder vidas, então desviei o caminho para uma área que sempre me rondou mais nunca me foi ofertada de Fato, Design de Interiores. 
Paralelo a isso, estava chegando a reta final, o momento crucial, o dia da minha cirurgia. Seria em Outubro de 2014, mas como a nossa vida sempre nos prega peças, foi adiada devido a uma viagem a trabalho do meu esposo. Ok? vamos esperar, seguiremos com mais algumas medicações e em 2015 faremos a cirurgia. 
11 de Fevereiro de 2015, precisamente, eu entrava para a sala de cirurgia, inundada num pavor absurdo, mas ao mesmo tempo com aquela esperança e fé de que voltaria a ser normal. A cirurgia foi um sucesso e o pós operatório ocorreu com um pouco de turbulência (como rejeição dos pontos e intolerância a alguns alimentos) até os 6 meses, quando tive de voltar a sala de cirurgia por ter perdido a vesícula... Passado o susto a vida começou a seguir em frente, como quem passa de uma corredeira e chega a parte de clamaria de um enorme rio. Eu ja meio que nem tava mais lembrando dos motivos de ter passado por essa cirurgia, não que eu tivesse desistido de ser mãe, mas é que a faculdade estava me envolvendo cada dia mais. Após 1 ano de cirurgia, meu cirurgião me solicita vários exames e recomenda o retorno ao Endócrino e a Ginecologista. "Vamos ver se tudo isso valeu a pena?" Peso eu já havia perdido, 42kg pra ser precisa, agora só faltava confirmar se eu tinha enfim virado uma borboleta. 
Parecia que eu faria a cirurgia novamente, de tanto exame a ser feito, e aquele medo voltou a aparecer. "E se não deu certo?" "E se eu não puder mesmo ser mãe?" Momentos de angustia, que se arrastaram até concluir todos os exames e retornar as consultas. Primeiro com o Endócrino (que não me reconheceu quando me viu 42kg a menos) "Dona Suzan, suas síndromes metabólicas estão completamente curadas, seus índices glicêmicos nunca estiveram tão bons, Meus parabéns!" até chegar na Ginecologista e ouvir aquelas palavrinha mágicas que eu tanto almejei "Você está completamente saudável, seus ovários estão limpos e sem nenhum cisto, você inclusive está ovulando nesse dia, se quiser já pode ser mãe" 
Ninguém vai conseguir sentir o nível de felicidade que eu senti nesse dia. Todo o sofrimento e dor e incômodos e lágrimas que eu já havia passado, tiveram um resultado. Enfim sai do casulo, agora posso voar como uma linda borboleta e completar meu ciclo de vida como eu sempre desejei. 
É hora se me tornar mãe. 
Após a tão esperada noticia, começamos os preparativos para conceber nossa maior riqueza. Mas que estranho, nada de ficar gravida. passaram dois, três, quatro, cinco meses e nada de eu conseguir engravidar. Tem algo errado, vamos no médico Marido. Victor estava doente também, precisava também de um tratamento. Que soco no estomago. Partiremos para umas medicações, vamos controlar esse peso, você precisa também fazer a cirurgia bariátrica. E eu só pensava "Óh Deus! Vamos passar por tudo isso de novo?"
Um passo de cada vez, alimentação mudando aos poucos (ao contrario de mim, ele é muito apegado a comida e a Coca-Cola). Foquemos numa reeducação alimentar, vamos acrescentar mais alimentos saudáveis, fazer substituições, comer pra viver. 
E então, oito meses após saber que poderia ser mãe, três meses depois de saber que meu marido também estava doente, nós recebemos um milagre. Ela enfim nos foi concebida! Eu não acreditei, eu não acreditava que poderia acontecer, por que as premissas sobre a saúde do meu esposo não era nada boas. Grávida! Gravidíssima! Enfim me tornei completa. Enfim me tornei mãe!
Uma história que apenas começou e será eterna a partir de agora...
Estou gerando meu amor maior e nunca estive mais feliz em toda minha vida!
Seja muito bem vinda! Meu pequeno Milagre! Lúthien Fenner!



Suzan Afonso Fenner


 

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